Engenho e arte são adjectivos que servem perfeitamente ao trabalho de muitas formações estrangeiras que se pavoneiam pelos palcos da representação folclórica, dentro e for das fronteiras portuguesas. O assunto, observado na página 3 desta edição, exige alguma reflexão quando a lebre sabe a gato. Se o evento é realizado como uma manifestação folclórica – Festival Internacional de Folclore – pressupõe-se que as formações intervenientes mostrem factos folclóricos, isto é, motivos tradicionais recolhidos na raiz popular.Aquilo que se vê, grosso modo, na esmagadora maioria das representações estrangeiras, não está conotado com o dito facto folclórico, e tão pouco se inspira na dança tradicional. Antes, vimos um “folclore” preparado por compositores e coreógrafos, que baseiam os temas num certo estereótipo regional ou nacional, e o transformam numa peça de grande espectáculo, atractiva e capaz de galvanizar as plateias. É esse o princípio que preside à formação dos grupos ditos de folclóricos que nos chegam da Europa e de outros continentes. Alguma excepção podemos encontrar no continente africano, de onde ainda nos vão chegando embaixadas com profunda motivação folclórica.
Uma separação das águas seria oportuna e proveitosa. Haverá de certo formações que ainda baseiam o seu trabalho nos aspectos tradicionais das regiões que representam. Distinguir esses agrupamentos, porventura tidos como autênticos, daqueles que são considerados grupos elaborados, ajudaria a causa folclórica e não fomentaria a grande confusão. E a dúvida que persiste: afinal onde está o folclore?
Manuel João Barbosa
jornalfolclore@gmail.com
www.jornalfolclore.blogspot.com
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