segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Jornal Folclore / Agosto 2008 - Nota Editorial : O folclore infantil

O nosso bom amigo e colaborador Lino Mendes divulgou nalguma imprensa – entre a qual o Jornal Folclore – uma crónica contestando a existência de folclore infanto-juvenil. No seu entender não há folclore infantil. “Os jogos e modas de roda dos tempos de escola não devem ser esquecidos mas encarados como um complemento, mesmo não se considerando folclore”, alega o folclorista de Montargil, defendendo que, em sua opinião, “na verdade não há folclore infantil; o que temos é infantis que fazem folclore”.

Não entendemos muito bem a ilação de Lino Mendes, afirmando de forma peremptória que “não há folclore infantil”. Depois diz que há “infantis que fazem folclore”. Ainda mais baralhados ficámos, quando, sabe-se, o folclore está “feito”, ou seja, está “criado”. E vai tempo! Quanto muito o que hoje se faz é representá-lo.

Posto isto, perguntamos: como devemos classificar as cantigas e modinhas de roda habituais nos divertimentos das crianças de outros tempos? E as ingénuas brincadeiras? E os jogos? Como as próprias fatiotas de corte e modelo acriançado. Tudo isto não é folclore? E se interpretadas por crianças, como devemos denominar esse grupo de petizes que interpretam os ditos trechos que são tidos como folclóricos?

Lino Mendes entende ainda que as crianças podem vestir-se como os adultos. “Isso acontecia, o que não vamos naturalmente é apresentar alguns trajos como os de noivos, lagareiro, carroceiro, cavador’, para mais não citar”, assegura. Concordamos. Como outros: os campinos, os ceifeiros, as mondadeiras, e tantos outros ofícios e ocupações que só aos adultos competia fazer. O folclorista remata: “Estão assim erradas as designações de “Grupo de Folclore Infantil” e de “Festival de Folclore Infantil”.

Num tão conturbado movimento – o movimento folclórico – julgamos haver no escrito (e entendimento) de Lino Mendes matéria para avivar mais alguma perturbação, a juntar àquela que já tanto atrapalha a representação do folclore. Entendemos o propósito da formação das escolas de folclore adulto, que visam a aprendizagem do reportório do grupo adulto para posterior recrutamento. Nesta circunstância não existirá um grupo de folclore infantil, mas crianças a prepararem-se para virem a integrar a secção adulta. Tal será o desígnio da Escola Infantil e Juvenil do Rancho de Montargil, de que Lino Mendes é dirigente. Resta saber até quando a apresentação pública destas formações cabe no espírito da representação folclórica infantil, já que são participadas por crianças. Temos assim que um rancho infantil de folclore não será o mesmo que um grupo de folclore infantil. Ambas as formações têm o direito de coexistir, cada qual na sua função; aos primeiros cabe a opção pelo projecto do espectáculo e da formação e aos segundos a retratação dos factos folclóricos.

Porque nestas coisas há razões que a própria razão desconhece, que outras razões contraponham a nossa análise.







3 comentários:

  1. Concordo que a existência de ranchos infantis e juvenis, ou com ambos os escalões misturados, é uma fraude. As crianças brincavam, mas não dançavam, podiam sim imitar os adultos, mas com roupas de crianças e não trajes adultos. Tal qual, nos adultos, é um abuso haver pessoas com trajes ricos a dançar, pois os fidalgos e novos ricos, como brasileiros de torna-viagem e lavradores-patrões, não se juntavam ao povo, podiam sim assistir dsde suas varandas às danças dos terreiros... Enfim. Porque não há honestidade até nas pequenas coisas e sobretudo reconstituições verdadeiras da memória antepassada?!
    Já agora, porque é que noticiam coisas de ranchos infantis que não se querem federar? E porque será que há grupos desses não federaos...?

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  2. Concordo plenamente com a ideia sobre o folclore infantil, porque há ranchos infantis e juvenis que não têm carácter de continuidade para escalão adulto. E os ranchos infanto-juvenis não têm justificação, como integrantes de espectáculos e festivais, atendendo a que as crianças apenas brincavam e não dançavam como os adultos, e muito menos se trajavam assim. Aliás, quantos aos trajes, há coisas também muito mal nos adultos, visto que se vêm elementos com trajes ricos nas danças, quando antigamente os ricos não se misturavam com o povo...
    Esta mensagem foi antes enviada com mais pormenor e devidamente identificada. Como nâo foi publicada, segue agora por esta via, a ver se tem direito de publicação.

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  3. emtao qual é a boa atitude a tomar?
    sera coreto deixar umas criançinhas participarem n'uma dança juntos aos adultos numa representaçao?
    e sera coreto nao deixar dançar os trajes ricos com os outros ja agora pergunto eu quais nao podem dançar ?

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