sexta-feira, 25 de julho de 2008

Jornal Folclore / Julho 2008 - Nota Editorial : Componentes partem

O fantasma da emigração voltou! Apesar do apregoado “jardim de rosas”, os portugueses partem, mundo fora, à procura de trabalho e de melhores salários. Os números da emigração sobem copiosamente. Só o Luxemburgo recebeu nos últimos meses milhares novos emigrantes portugueses, segundo o cônsul de Portugal naquele país, que regista a maior taxa de emigração portuguesa. Um acréscimo desmedido relativamente aos anos anteriores.

O cenário faz acentuar a carência de elementos no movimento folclórico. “Este ano já perdemos seis componentes que emigraram”, dizia-nos angustiado o dirigente de um grupo folclórico do Norte do País. Este caso é apenas um exemplo daquilo que se passa no seio de muitos outros agrupamentos. À procura de trabalho que não encontram por cá, ou de melhores salários, os folcloristas partem, deixando reduzidos os grupos que participam. “Fui obrigado a emigrar outra vez”, lamentava-se um elemento de um grupo folclórico, que anos atrás havia sido igualmente obrigado a procurar trabalho além fronteiras.

O panorama torna negra a actividade de muitos grupos, que têm de recorrer a elementos infantis para suprir as faltas dos mais velhos que partiram. Grupos há que já cessaram a actividade por falta de elementos masculinos, devido à emigração. É uma realidade escondida que sem vergonha os dirigentes não negam. “Pensávamos que esta situação não voltaria mais, e afinal caiu-nos à porta outra vez”, lamentava-se um responsável dirigente. A solução passa ainda pela inclusão de pares femininos entre os bailadores, o que, contudo, não obsta a que o grupo perca qualidade no seu trabalho de retratação popular; antes pelo contrário.

Teme-se agora que a corrente emigratória provoque mazelas tão profundas que levem à extinção de muitos grupos. Uma conjuntura de triste memória em décadas atrasadas.







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