domingo, 2 de dezembro de 2007

Dezembro 2007 - Campino : O traje de gala e o mito “etnográfico” do Ribatejo

Calção e jaqueta, meia branca rendada, barrete verde debruado a vermelho, camisa branca com botões de metal dourado, sapato preto com salto de prateleira. É o traje (farda) de gala do homem da Lezíria. De criação secular – calcula-se que os primeiros campinos fardados teriam aparecido por volta 1850 – a indumentária do campino veio a vulgarizar-se no seio das diversas casas agrícolas do Ribatejo, como “traje” de gala dos criados guardadores de toiros. Era usada apenas e só em ocasiões de pompa. Património e domínio da entidade patronal, o traje não extravasava os limites do acto serviçal para que era usado. Nunca foi, por isso, pertença do assalariado. A sua conotação como peça tradicional etnográfica pode assim ser questionada. Contudo, é aceite como expressão regional tradicional.

Muito se tem escrito e dito acerca da distinta e elegante farda de gala do campino da Lezíria do Ribatejo, transformada pelo Estado Novo num ícone regional do País, servindo a propaganda política do regime. O singular traje nasceu nas Quintas Agrícolas, propriedade de criadores de toiros para a lide tauromáquica, influenciado à época por um período feudal. O figurino terá sido inspirado nas fardas dos criados da aristocracia, constituindo obra de imaginosas costureiras. Nas festas e feiras, a figura altiva do campino sempre se exibia, briosa e nobre, qual figura orgulhosa representativa da Casa Agrícola e da sua ganadaria!

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Manuel João Barbosa
jornalfolclore@gmail.com
www.jornalfolclore.blogspot.com

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