segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Novembro 2007 - Nota Editorial : Presunção e água-benta…

“Presunção e água-benta, cada um toma a que quer”, diz o povo na sua acertada sabedoria. O aforismo popular porventura advertiria aqueles que “não tendo barriga para calos, se metem em apertos”. Uma vez mais o povo a fazer reparo da esperteza alheia quando “o carro anda à frente dos bois”.

O carácter humilde, apanágio dos folcloristas com “obra feita”, não combina com alguma presunção que se vai encontrando noutros que se auto apelidaram, também, de folcloristas, que nalguns casos desempenham cargos de pedagogia etnográfica e folclórica (aconselhadores), talvez pela acção de comando que desempenham nas formações folclóricas que participam (por eleição ou simples apropriação do cargo). Alguma lisura ficaria bem, em muitos casos, na recusa da função. Para o ser não basta parecer; é preciso ter conhecimento da temática, dita tradicional.

Mas, de peito cheio, exibem uma confrangedora imodéstia, ostentando uma angustiante presunção e mesmo um arreliador snobismo. Porventura não lhe terá ocorrido que um simples sopro far-lhe-á cair os galões, e lá se vai a pompa que a circunstância criou. “Velhos amigos até me deixaram de dizer adeus desde que foram nomeados conselheiros”, lamentava-se um dirigente de um grupo folclórico. Detalhe que corroboramos. Mas é esta a tela de muitas pinturas que se exibem pelo país folclórico; a sede do protagonismo e a tentação pela ostentação social.

Felizmente que um bom número de nomeados se exclui da louca representação, tão ingénua quanto palerma. A esses tiramos naturalmente o chapéu, pelo conhecimento e talento, pelas qualidades, total aptidão e muita capacidade.


Manuel João Barbosa
jornalfolclore@gmail.com
www.jornalfolclore.blogspot.com



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