sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Outubro 2007 - Editorial : Folclore com engenho e arte

Engenho e arte são adjectivos que servem perfeitamente ao trabalho de muitas formações estrangeiras que se pavoneiam pelos palcos da representação folclórica, dentro e for das fronteiras portuguesas. O assunto, observado na página 3 desta edição, exige alguma reflexão quando a lebre sabe a gato. Se o evento é realizado como uma manifestação folclórica – Festival Internacional de Folclore – pressupõe-se que as formações intervenientes mostrem factos folclóricos, isto é, motivos tradicionais recolhidos na raiz popular.

Aquilo que se vê, grosso modo, na esmagadora maioria das representações estrangeiras, não está conotado com o dito facto folclórico, e tão pouco se inspira na dança tradicional. Antes, vimos um “folclore” preparado por compositores e coreógrafos, que baseiam os temas num certo estereótipo regional ou nacional, e o transformam numa peça de grande espectáculo, atractiva e capaz de galvanizar as plateias. É esse o princípio que preside à formação dos grupos ditos de folclóricos que nos chegam da Europa e de outros continentes. Alguma excepção podemos encontrar no continente africano, de onde ainda nos vão chegando embaixadas com profunda motivação folclórica.

Uma separação das águas seria oportuna e proveitosa. Haverá de certo formações que ainda baseiam o seu trabalho nos aspectos tradicionais das regiões que representam. Distinguir esses agrupamentos, porventura tidos como autênticos, daqueles que são considerados grupos elaborados, ajudaria a causa folclórica e não fomentaria a grande confusão. E a dúvida que persiste: afinal onde está o folclore?


Manuel João Barbosa
jornalfolclore@gmail.com
www.jornalfolclore.blogspot.com



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