quarta-feira, 16 de maio de 2007

Dezembro 2001 - O Jornal Folclore no Canadá


A convite de um grupo de folclore de representação tradicional açoriana, o nosso Jornal esteve no Canadá para se inteirar de uma realidade socio-cultural, integrada numa associação constituída no seio de uma comunidade lusa-açoriana. Ao primeiro contacto, logo foi sentido o conforto de quem atenuava um pouco da saudade Pátria-mãe. Porque a saudade mata-se com um gesto, com uma palavra, com uma nota de música. As raízes de uma cultura de oito séculos continuam fortes de alentosa seiva, e tudo é feito para manter as tradições, juntando num painel multicolor os costumes e os hábitos da terra-natal. As cinco quinas da saudosa Pátria se expõem e exibem em local nobre do centro de convívio comunitário, e a música, a gastronomia tradicional e o pé de dança à boa maneira dos tempos idos, fazem esquecer a separação de muitos milhares de quilómetros.

Foi assim que vimos a vida da comunidade lusa radicada em Montreal, na província do Québec, no Canadá. O Centro Comunitário Português de Laval, inaugurado em 1988, dispõe de condignas instalações, sob a égide da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima. Aqui se desenvolvem inúmeras iniciativas de carácter cultural e social, organizadas pelas diversas instituições portuguesas sedeadas no Laval, uma vila de 300 mil habitantes, grande parte provenientes das mais diversas etnias, com relevância para os Gregos, Arménios e Árabes. A população portuguesa está calculada em cerca de dez mil, divididos entre continentais, açorianos e madeirenses.

O Grupo Folclórico Estrelas do Atlântico, foi fundado há cerca de vinte anos, e na região é o único agrupamento; todos os demais estão sediados na região de Montreal. Escolheu para a sua representação a cultura tradicional dos Açores, porque o ‘cordão umbilical’ da quase totalidade dos seus elementos se liga ao arquipélago. E fá-lo com impressionante desvelo e exigente cuidado. Mas, do Grupo Estrelas do Atlântico vamos falar na próxima edição, deixando o espaço de hoje à divulgação de uma das suas iniciativas populares-tradicionais: a festa do São Martinho, onde as castanhas e o vinho português animaram um serão de convívio e de confraternização, protagonizado por cerca de trezentos luso-açorianos. O momento foi ainda pretexto para o ‘apadrinhamento’ do grupo de folclore, uma distinção oferecida ao nosso Jornal.


Uma festa portuguesa, concerteza

Laval, província do Quebéc, no Canadá, 10 de Setembro, véspera de S. Martinho. A noite agreste, chuvosa e fria, não afastou centenas de portugueses de comparecerem à festa da tradição: festejar o S. Martinho. O magusto, onde as castanhas e o vinho novo foram reis, foi animado com excelentes interpretações de Fado, uma magnífica rábula cómica e o folclore luso, naturalmente. Um pouco pela região, especialmente na cidade de Montreal, mais de uma dezena de associações recreativas de portugueses ali radicados, reuniam igualmente e festa e confraternização centenas de emigrantes lusos.

No Centro Comunitário do Laval, pertencente à Associação Portuguesa de Nossa Senhora de Fátima, a preparação da festa começou cedo, com o enorme salão a engalanar-se para receber mais de trezentos convidados. E logo ficou lotado, porque a palavra saudade é mais forte que o conforto do lar. A iniciativa pertenceu ao Grupo Folclórico Estrelas do Atlântico, um agrupamento criado no seio da comunidade portuguesa local, com forte influência social e cultural dos Açores.

“Fomentar o elo histórico-cultural” – nas palavras do coordenador da festa popular no início da grande reunião – é sempre o objectivo destes encontros, realizados a pretexto disto ou daquilo. Diversas entidades marcaram com a sua presença o apoio à iniciativa, como o Consulado de Portugal em Montreal, representado pela Drª. Maria Luísa. Ainda José Paiva, presidente da Centro Comunitário do Laval, o director do nosso Jornal e Joaquim Pedrosa, um emigrante de forte influência social junto da comunidade.

A “noite de cultura”, como foi anunciado, porque de cultura vária se recheou o programa anunciado, conseguiu efectivamente os intentos. O Fado marcou presença por uma excelente voz de uma emigrante apaixonada pela música e cantigas do seu país, já que para além do Fado canta em diversos grupos de folclore.

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