quarta-feira, 11 de abril de 2007

Novembro 2001 - Editorial : Os concursos de folclore

Os textos publicados na página 15 desta edição, sobre os concursos de folclore, são por demais elucidativos de alguma falta de consenso – que há mas não devia haver... – acerca da representação folclórica. Se as mentalidades não se alteram, nada mais resta que continuarmos a navegar em conturbadas águas, na área da representação do folclore, na sua essência.

Com efeito, a apreciação, para efeitos de classificação, de várias representações etnográficas e folclóricas não faz qualquer sentido quando estão em causa realidades distintas de projectos que diferem, quase sempre, abismalmente uns dos outros, tanto no campo da etnografia e do folclore, como nas vertentes cultural e social, influenciadoras da forma de viver, trabalhar e divertir. Ora, cada representação tradicional, quando assente num trabalho sério de estudo da realidade cultural da sua área, tem a importância que tem, e não será por ser mais modesta ou menos espectacular, que é inferior àquela que encanta pelo movimento das danças ou pelo colorido dos trajes.

Entenda-se de uma vez por todas a complexidade que envolve as competições folclóricas, arredadas que estão – completamente! – de qualquer objectivo social ou cultural, mas antes embrenhados em interesses comerciais, onde a questão financeira conta. “Não há folclore melhor ou pior. Há folclore!”, já escreveu nestas páginas, sobre os concursos, o nosso colaborador Dr. Aurélio Lopes, antropólogo e estudioso das questões da cultura popular. Entendemos isso de uma vez por todas, e deixemos de pactuar com manifestações sórdidas de quem não possui sequer competência quanto baste para analisar, muitas vezes, a sua própria cultura.

O Director

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