sábado, 10 de março de 2007

Março 2007 - Nota Editorial

11 ANOS

Completam-se 11 anos de publicação regular do Jornal Folclore. O resultado do trabalho materializado em cerca de 3 mil páginas, distribuídas pelas 132 edições publicadas, ficará na análise do leitor mais sensibilizado pelas efectivas questões que ao folclore dizem respeito. Sem motivos que legitimem registar a efeméride – inda que de forma simbólica – não deve deixar-se passar despercebida a existência de um órgão de comunicação social temático, cuja duração se previa efémera. Fruto de uma incomum persistência – longe de ser uma teimosia – o Jornal Folclore servirá, se para mais não haja sido útil, de conselheiro e porventura de guia, que ajude à reflexão sobre as questões afectas ao próprio folclore.

O êxito do trabalho desenvolvido ao longo de mais de uma década, contou sempre com o inestimável apoio dos seus leitores, muitos dos quais fiéis parceiros desde a primeira hora.

Continuamos o percurso de mais uma etapa – cada ano é sempre mais uma etapa. Quando em Março de 1996 fizémos aparecer, com laivos de surpresa, o primeiro número do Jornal, apossamo-nos de um objectivo, até agora cumprido, que aponta no estrito respeito pela defesa dos aspectos da cultura popular tradicional e o tema-assunto predominante no nosso trabalho – o folclore.

A frontalidade das opiniões aqui deixadas terão algumas vezes tocado em feridas que minam o folclore nacional. Com efeito, o exacto conceito daquilo que deve constituir representação dos aspectos etno-folclóricos não terá sido bem aceite por quantos os que criam e alimentam essas chagas. Contra interesses instalados, ousámos repetidamente fazer passar a mensagem da pedagogia, alertando para os erros que grassam dentro do movimento. Um impulso nem sempre bem entendido.

Tarda que aconteça um útil separar das águas. Enquanto isso o folclore continua a ser visto como coisa menor e a protelar uma desejada imagem de sublimação. E de rigor e qualidade.

“Um grupo de folclore nunca será grandioso dentro do espectáculo quanto aquele outro grupo que foi criado fora do contexto folclórico”, citando o antropólogo Aurélio Lopes. Com efeito, os grupos com uma efectiva investigação, e que logo oferecem um meritório trabalho de promoção cultural tradicional, estão, para nosso desconsolo, em lamentável minoria. A esmagadora maioria teima, por opção, a não quererem ser formações com uma acertada representação de uma determinada realidade tradicional local, preferindo o pitoresco, aquilo que mais garante e provoca o espectáculo fácil, os aplausos. Perto destes grupos, e para o espectador comum, uma acertada formação nunca será importante e admirável.

Assim, a imagem negativa que transpira do movimento folclórico chega ao próprio poder central, o Governo. Que atenção podemos então exigir dos governantes a esta causa?

Resta redimirmo-nos ao fraco desempenho que é oferecido pelo universo folclórico nacional. Por culpa de todos nós. Mas, pelo pecador … paga o justo. [...]

Manuel João Silva Barbosa
Director do Jornal “Folclore”
jornalfolclore@gmail.com




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